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Os Sofrimentos do Jovem Werther: Reflexões sobre Amor e Liberdade no Teatro

Em meio ao caos e à correria do cotidiano, o teatro nos convida a parar, refletir e sentir. Quando uma obra clássica ganha vida no palco, ela não só resgata sentimentos universais, mas também nos leva a questionar padrões e encontrar novos significados para as emoções que carregamos. Assim é com a montagem de Os Sofrimentos do Jovem Werther, que retorna à cena na KZA Terezinha, em Porto Alegre, trazendo uma abordagem contemporânea e provocativa sobre o amor, a liberdade e as dores da existência.

Um Clássico Repaginado para os Dias de Hoje

A montagem é uma adaptação do primeiro clássico do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, realizada pelo coletivo gaúcho Cambada de Teatro em Ação Direta Levanta FavelA…. Dirigido de forma coletiva, o espetáculo parte da trama original — o amor impossível de Werther por Charlotte — para revisitar questões atuais, como feminismo, liberdade e a busca pela realização pessoal.

Para quem já conhece a história, a peça é uma oportunidade de revisitar sentimentos com novos olhares. Para quem a descobre pela primeira vez, é um mergulho profundo em reflexões que, mesmo séculos depois, seguem inquietando corações e mentes.

“Nos demos conta de que não tinha como falar do homem no papel central, mas sim da mulher, que sempre está à mercê, subalterna, numa posição que não é justa para ela.”
— Danielle Rosa, atriz do coletivo

A Poesia do Palco e a Voz da Resistência

Inspirado no romance epistolar — escrito em forma de cartas — de Goethe, o espetáculo se apropria da essência lírica e melancólica da obra para construir uma dramaturgia visceral e carregada de significados. Mas, diferentemente do texto original, aqui Charlotte é a figura que ganha força e protagonismo, representando a luta por liberdade e igualdade em uma sociedade ainda marcada por padrões patriarcais.

Enquanto Werther, em sua paixão devastadora, se torna o símbolo daqueles que se entregam ao sonho romântico sem encontrar respostas, Charlotte emerge como uma personagem que, embora presa a convenções sociais, revela-se dona de si e de suas escolhas.

A Arte como Ferramenta de Transformação

Há 17 anos, o coletivo Levanta FavelA… utiliza o teatro como ferramenta de ativismo e transformação social. Nesta montagem, o grupo explora referências como o Teatro do Absurdo, o Teatro da Crueldade (de Antonin Artaud) e o Teatro do Oprimido (de Augusto Boal), criando um espetáculo que, além de artístico, é um ato político.

“Vínhamos, há algum tempo, abordando a temática da saúde mental em nossas discussões, principalmente após a pandemia. Esta peça dialoga com questões como o suicídio, que ainda é tratado com tabu pela sociedade.”
— Sandro Marques, ator do coletivo

Uma Experiência Sensorial e Emocional

A peça também provoca os sentidos com seu cenário marcado por simbologias e referências de matriz afro-brasileira, como a presença de Cosme e Damião — divindades da Umbanda que simbolizam proteção e cuidado. A iluminação, assinada por Alexandre Malta, e a sonoplastia, de Ricardo Padilha, contribuem para criar uma atmosfera intensa e, ao mesmo tempo, sensível.

O elenco, composto por Sandro Marques, Pâmela Bratz, Danielle Rosa, Ketelin Abbady, Thomaz Rosa, Ricardo Padilha, Alexandre Malta, Antônia Alonso e Marco Olgini, entrega atuações pulsantes, capazes de transportar o público para o universo de Werther e Charlotte, fazendo-nos refletir sobre o peso das convenções sociais e o desejo por liberdade.

Um Convite ao Sentir

Ao abordar temas como a saúde mental e a liberdade feminina, o coletivo desafia o público a questionar não só os papéis impostos pela sociedade, mas também os padrões que nos impedem de viver com mais leveza e autenticidade. O teatro, nesse contexto, não é só entretenimento, mas um chamado para enxergar as emoções de forma mais humana e acolhedora.

Se você deseja viver essa experiência que vai além da cena e toca a alma, não perca a temporada de Os Sofrimentos do Jovem Werther na KZA Terezinha. Prepare-se para sentir e refletir sobre as dores e as delícias de ser quem somos.

Serviço:
Datas: 17, 24 e 31 de maio e 7, 14, 21 e 28 de junho
Horário: 20h
Local: KZA Terezinha (Rua Santa Terezinha, 711, Santana)
Ingressos: R$ 60,00

Fonte: Adriana Lampert Foto:  Ana Sartori

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