Existem eventos que aquecem o coração antes mesmo de começarem. Talvez porque carreguem na essência o que realmente importa: encontros, afetos, música boa e a sensação de pertencimento. O Sarau do Rio é exatamente isso. Um abraço coletivo que, neste 4 de maio, volta a ocupar a Rua da Praia, em São Leopoldo, com a leveza de quem reencontra a vida — um ano após a enchente que cobriu de água, lama e silêncio o coração da cidade.
Mas agora é diferente. O que antes foi dor, se transforma em potência criativa. O que era ausência, vira presença. O Sarau retorna como um sopro de vida à beira do Rio dos Sinos, ocupando o espaço com arte, música e poesia, como quem planta flores no meio dos escombros.
“A próxima edição do Sarau traz uma alegria diferente. Carregada de significados. Estaremos aqui do ladinho do rio, um ano após a enchente, dessa vez celebrando a vida, os encontros, a música, os abraços e os braços abertos pra receber o público que tanto curte este evento.”
— Klau Brentano, presidente da ALEC
A partir das 15h, quem chegar será recebido ao som dos discos de vinil do DJ Renato Rocha, preparando o terreno para uma tarde e noite de celebrações musicais. No palco principal, nomes como Banda de Quinta, Artur de Mari & Banda, Rocka Rolla, Ju Koteck, Mandando Lenha (em um tributo emocionante a Bebeto Alves), Shana Müller e Chimarruts fazem da programação um verdadeiro presente aos sentidos.
Mas o Sarau do Rio não é só música. É também poesia viva, teatro na calçada, infância com olhos encantados e arte que nasce das dores e se transforma em beleza. O artista Feu Cardoso é um exemplo disso. Usando a lama do próprio Rio dos Sinos como matéria-prima, ele retrata rostos de moradores afetados pelas enchentes sobre pedaços de móveis resgatados — transformando destroços em memória e cicatrizes em arte.
Entre uma canção e outra, o público também poderá se perder em intervenções poéticas, como o tributo a Lupicínio Rodrigues, performances de Ambizela, Carmen Lima e a encantadora Fada das Bolhas. Para os pequenos, o espetáculo “A Mala Mágica”, do grupo Teatro Geração Bugiganga, é daqueles momentos que ficam na memória e fazem brilhar os olhos de quem acredita em histórias encantadas.
“O Sarau é um alimento para a alma. É a comunidade se aproximando dela mesma e do rio.”
— José Carlos Ferreira Júnior, um dos organizadores
Na beira do rio, tudo respira arte e reencontro. O espaço conhecido como Terreno Cultural oferece uma programação paralela com oficinas, como a delicada “Pingente Borboleta”, conduzida por Klau Brentano. A Feira Criativa, por sua vez, reúne expositores independentes que transformam matéria-prima em identidade — com peças autorais, sustentáveis e cheias de afeto.
O Sarau do Rio é também um convite ao bem viver em sua forma mais simples e essencial: estar presente, compartilhar, sentir. O evento é pet friendly, gratuito, e ainda conta com uma variedade gastronômica irresistível, espalhada em food trucks pela Rua da Praia. É para chegar com calma, andar devagar, conversar com desconhecidos e deixar o tempo fluir como o próprio rio.
Desde 2017, o Sarau ocupa esse espaço simbólico da cidade. Nasceu do desejo de reconectar São Leopoldo com seu rio — esse mesmo rio que viu a cidade crescer e, por vezes, também transbordar de emoção. O que se constrói ali vai além do evento: é uma rede de cuidado, pertencimento e celebração da vida em comunidade.
Neste 4 de maio, o convite está feito. Traga seu corpo, sua alma e, se quiser, até seu pet. Porque estar ali, nesse momento, é mais do que assistir a um festival. É viver um ritual coletivo de resistência, leveza e amor — bem ao estilo do Limonada Zen.
Informações: @saraudorio
Fonte: C2 Comunica Foto: Giovani Paim