Quantas vezes você já se pegou tentando dar conta de tudo, sem nem ao menos parar para perguntar como está se sentindo? Em um mundo que nos exige cada vez mais produtividade, esquecemos que a saúde mental também precisa de cuidado e atenção. Quando nos permitimos olhar para dentro e acolher nossas emoções, damos um passo importante rumo ao bem-estar e à serenidade.
Um mundo que pede pausa
A pandemia, as crises econômicas, os desastres ambientais e as tensões sociais nos colocaram diante de uma realidade inédita. A sensação de estar constantemente lidando com desafios intensificou-se, e muita gente ficou sem saber como lidar com tanta sobrecarga emocional. Não à toa, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 280 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo, e mais de 1 milhão enfrentam problemas graves de saúde mental.
Além disso, um relatório internacional revelou que a saúde mental dos brasileiros está entre as piores do planeta, especialmente entre os jovens com menos de 35 anos. Isso nos leva a um importante questionamento: como cuidar do outro se não conseguimos cuidar de nós mesmos?
Saúde mental: por onde começar?
Para a psicóloga Claudia Diniz, precisamos repensar nossas atitudes e buscar um olhar mais acolhedor sobre nossas próprias emoções.
“É hora de nos acolhermos e aprendermos a escutar nossas dores, nossas alegrias e até mesmo aquela vontade de chorar. Muitas vezes, estamos tão ocupados tentando dar conta de tudo que esquecemos de perguntar a nós mesmos como estamos nos sentindo.”
— Claudia Diniz
Claudia propõe que, antes de tentar apoiar alguém, é essencial dar atenção às nossas próprias necessidades. Ela reforça que a saúde mental não pode ser vista como algo separado do corpo, mas como parte integrante do nosso ser. “Saúde é quando tudo está bem e equilibrado”, diz a psicóloga. Mas como alcançar esse equilíbrio?
Coração e coragem
Vivemos tempos em que a busca pelo sucesso e pela produtividade parece ter se tornado uma obrigação. A lista de tarefas não tem fim, e os momentos de pausa são cada vez mais raros. Claudia destaca que é essencial abandonarmos essa lógica de listas intermináveis e aprendermos a ouvir o coração.
“Coragem vem de agir com o coração. É preciso resgatar a delicadeza consigo mesmo e com o outro. Não se trata de fragilidade, mas de permitir-se sentir as pequenas belezas da vida.”
— Claudia Diniz
Se dar um tempo para simplesmente existir e respirar pode ser uma atitude de coragem. Claudia menciona que, muitas vezes, confundimos autocuidado com uma série de atividades planejadas. No entanto, o verdadeiro cuidado está em sentir o presente, em se permitir experimentar a vida sem tanta cobrança.
Um convite à conexão
Entre a rotina corrida e as responsabilidades, onde ficou aquele momento de descanso, aquele respiro entre uma tarefa e outra? A psicóloga nos lembra que estamos nos distanciando cada vez mais de quem somos, e isso prejudica diretamente nossa saúde mental.
O povo jamaicano tem uma expressão que resume essa ideia: “I and I”. Ela representa a conexão entre as pessoas, indicando que “eu e você” somos, na verdade, um só. Na perspectiva de Claudia, isso nos ensina que o cuidado com o outro começa no cuidado consigo mesmo.
Criatividade e leveza
Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez? Claudia questiona a falta de novidade na vida cotidiana, que acaba se tornando uma lista de obrigações sem espaço para a espontaneidade. A criatividade surge justamente quando nos permitimos pausar, refletir e dar vazão ao que sentimos.
Caminhar no parque, sentir o vento no rosto, contemplar o pôr do sol… São ações simples que podem ser altamente revigorantes, mas que deixamos de lado por conta das cobranças diárias. Claudia ressalta que é preciso redescobrir o prazer nas pequenas coisas, sem a pressão de fazer tudo “certo” o tempo todo.
Um passo de cada vez
Reconectar-se consigo mesmo não acontece de uma hora para outra. É um processo contínuo, feito de pequenos gestos que reforçam o autocuidado e a presença. Claudia sugere práticas simples que podem fazer toda a diferença no dia a dia:
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Pratique a escuta ativa: Pergunte a si mesmo como está se sentindo e respeite o que surgir.
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Desacelere: Reserve momentos de pausa, mesmo que breves, para respirar e se reconectar.
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Seja gentil consigo mesmo: Não se cobre tanto. Permita-se falhar e aprender com isso.
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Movimente o corpo: Caminhar, dançar ou praticar um esporte ajuda a liberar tensões acumuladas.
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Cultive relações genuínas: Cerque-se de pessoas que te façam bem e fortaleçam sua autoestima.
O valor de se cuidar
Em meio ao caos do mundo atual, é essencial olhar para si com carinho e empatia. Cuidar da saúde mental não é um luxo, mas uma necessidade. E, ao nos acolhermos, nos tornamos mais preparados para apoiar aqueles ao nosso redor.
Que tal começar hoje? Dê a si mesmo o direito de pausar, refletir e sentir. Pequenas atitudes podem fazer grande diferença e transformar a forma como encaramos a vida. Afinal, bem viver é, acima de tudo, viver em paz consigo mesmo.
